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O Unicórnio

O dia a dia de um Unicórnio. Suas inspirações, aventuras e desaires.

O dia a dia de um Unicórnio. Suas inspirações, aventuras e desaires.

O Unicórnio

31
Mar16

Vasco, hoje a tua aldeia ficou sem cor.


O Unicórnio

José Saramago disse sobre a morte;

«Hoje estamos cá, amanhã não estamos. »

 

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Querido amigo,

Eram duas da manhã de há quinze anos atrás. Conversávamos online num chat do mirc. Eram duas da manhã, tínhamos 21 anos. A internet tinha chegado à aldeia e era uma novidade. Não me lembro sobre o que falávamos, talvez sobre nada de jeito, o habitual. No meio da conversa escreveste algo que não gostei e na brincadeira, ameacei dar-te uma «galheta nas trombas». Continuaste a picar-me. Saí de casa de bicicleta e bati à tua porta de casa. Não abriste. Ficaste sim, a olhar-me atrás do postigo, assustado. Tu, assustado, com esse metro e noventa e a calçar o 47!

- Que queres aqui, Ana?! – Perguntaste-me divertido.

- Vim dar-te uma galheta nas trombas! – Respondi.

Rimo-nos. Peguei na bicicleta e voltei para casa.

Teu pai dizia-nos que acabaríamos por casar um com o outro. Olhávamo-nos e metíamos os dedos à boca, em sinal de vómito. «Casar um com o outro? Nunca!», dizíamos. Não tivemos uma amizade presente de longos anos, não partilhávamos os mesmos amigos, gostos ou objectivos de vida. Éramos somente dois jovens com a mesma idade que se conheciam desde crianças e que se davam bem.

Diariamente conversávamos num dos cafés da aldeia. Jogávamos às cartas, contavas-me as tuas aventuras e assististe ao início do namoro com o Filipe, foste ao nosso casamento e partiste para Macau onde estiveste vários anos. Deste-me os parabéns pelo nascimento do Francisco e nunca te esqueceste do meu aniversário (ambos fazemos anos a 13).

Disseram-me que partiste esta madrugada. Ainda há poucas semanas perguntei por ti aos teus pais, Lídia e Carlos. Falámos de como eras aventureiro, destemido e rebelde. Nada fazia prever que hoje, os deixarias sem coração.

Tua enorme família e amigos choram por ti, interrogam-se porque partiste tão cedo de forma abrupta. A nossa aldeia hoje está triste, cinzenta, soturna. Perdeu um dos seus jovens, perdeu mais um pouco da sua alma. Os teus olhos verdes não estão mais entre nós, mas esse teu espírito rebelde e verdadeiro, esse, pairará na nossa memória para sempre.

Se for verdade o que dizem por aí, que a verdadeira Vida começa depois de partirmos, dá beijos meus aos meus avós, ao meu primo Fagulha e ao Jorge.

Vasco, até um dia. Tenho a certeza que nos iremos reencontrar.

Ana

28
Mar16

Sou só eu que não gosto do pessoal que anda por aí a fingir que escreve livros? Se for só eu peço desculpa, devo ter algum problema.


O Unicórnio

Uma nova vaga de jovens escritores domina actualmente o mundo da literatura portuguesa. Eças, Camilos, Camões, Saramagos até Herculanos, não passam de uns aprendizes perto destes novos escrevinhadores. Na maioria são rapazolas de barba aparada na casa dos 30, 40 anos que usam tshirts hipsters ou camisa aos quadrados, calcita desbotada e Stan Smiths. Dão cursos de escrita criativa online, conhecem três ou quatro celebridades, aparecem nas revistas cor de rosa e é mais ou menos isto. Também os há em versão feminina, mas falar da Margarida Rebelo Pinto são outros quinhentos e não conheço assim tantas asneiras para conseguir adjectivá-la.

Rascunham sobre o amor e seus meandros, publicam livros todos os meses, fazem promoção aos mesmos nas redes sociais com os seus textos acompanhados de fotografias eróticas sacadas do Pinterest e fazem sonhar as milhares de fãs que diariamente os lêm e partilham.

Não lhes acho piadinha nenhuma e não entendo o sucesso. Ler um livro ou um texto destes moços, lembra-me os cães a lamber o próprio rabo; andam às voltas, às voltas, às voltas e não chegam ao anûs.

Estes escritores gostam de asneireido. Colocam um “fronha-se” em tudo o que escrevem. É giro. É fofinho. É sensual como a Ana Malhoa em tshirt a tomar banho de mangueira no quintal.

Tentei rascunhar algo que lhes imitasse a escrita e aqui vai, é mais ou menos isto;

 

Vi-te na rua hoje de manhã. Andavas andando com passadas vigorosas e certas, como se o chão fosse teu, teu o chão, o caminho o chão, pim pam pum. Teu, esse chão pisado por ti, por essas passadas vigorosas e certas. Tuas pernas altas e de cal, finas e torneadas como um violão de Vinicius, chamavam por mim como as sereias encantavam os pescadores, sereias, pescadores, violão, Vinicius. Apaixonei-me nesse instante.  Olhaste-me vagarosamente vagando o olhar sobre mim e sorriste.

Amo-te muito do amor de amar, esse amor que nos envolve e mata, consome e desgasta. Amor que é dos amantes, amo-te muito, amor. É este o amor de nós, o amor que dói e mata. Doi. E mata. E mata e dói. Merda.

O Unicórnio

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 Aqui a foto da anorética foi sacada do Pinterest, pois claro. 

23
Mar16

Pois...


O Unicórnio

Um apresentador de televisão sente que a sua carreira chegou ao fim, quando se encontra num sítio público e olha de um lado para o outro desesperadamente para ver se alguém o reconhece e o aborda. Ontem vi a Serenela Andrade. Nada mais há a acrescentar. 

18
Mar16

Há coisas que me irritam e quando isso acontece, sou uma besta. Pois sou.


O Unicórnio

Se há coisinha que me dá cabo dos nervos (para além de ver mulheres acima dos 50 com tranças no cabelo), é dizer «bom dia» a alguém, e não obter resposta. Fico moída.

Fui com a minha amiga Cristina Souto Arriaga Menezes da Cunha e Vaz (mentira, é só Ana Cristina) ver umas montras ao shopping e lembrei-me de comprar uma raspadinha e de fazer o euromilhões (ando estafada de ser pobre).  Dirigi-me ao balcão do estabelecimento que não tinha ninguém e o caramelo que lá estava supostamente para atender os clientes, nem para mim olhou. Continuou a olhar para baixo e a mexer nuns papéis sabendo perfeitamente que eu estava ali. Esperei e disse-lhe «bom dia». O cabeça de martelo não me respondeu. Insisti e disse-lhe «bom dia» de forma mais áspera e assertiva. Lá levantou a fronha, fez-se todo encarnado e respondeu-me um «bom dia» muito baixinho, como se o tivesse soprado pelo cú. Ora, analisando a situação tenho a dizer o seguinte:

1- Sei por experiência que custa fazer atendimento ao balcão. Há gente muito parvinha e complicada de se aturar, mas não custa nada olhar o cliente nos olhos e cumprimentá-lo. 

2- Há dias ruins, sei que há. Mas vejamos o seguinte; não queria que o badameco me lambesse a orelha e que dançássemos uma kizomba! Só queria que me tivesse respondido ao «bom dia» que lhe dei. 

Juro que fiquei irritada porque o cocó fingiu que não me estava a ver, não me respondeu à simpatia que demonstrei e ainda por cima, no final do mês recebe um ordenado. VÁ BARDAMERDA!

 

17
Mar16

O pediatra bem tenta que o mude de quarto... mas ainda não foi desta.


O Unicórnio

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Ontem fomos a uma consulta de pediatria ao Hospital S. André em Leiria. Desde que o Francisco lá esteve internado tinha ele um mês de vida, que tem sido seguido pelo Dr. João do Ó, um médico atencioso e simpático que cada vez que lá vou com o meu pequeno unicórnio, pressiona-me carinhosamente para mudar o Francisco para o seu quarto sozinho para evitar que acorde tantas vezes de noite e não mame tanto (o rapaz está bem apessoadinho e pelo caminho que leva, andará comigo ao colo em pouco tempo). A consulta foi assim: 

 

Médico: - Quantas vezes acorda o Francisco de noite para mamar? 

Unicórnio: - Algumas. 

Médico: - Os bebés com oito meses não precisam de comer de noite. 

Unicórnio: - Acredito. Mas o Francisco é comilão. 

Médico: - Tem que ir dormir para o quarto dele. 

Unicórnio: - Sim, sei disso. Para o mês que vem, faço-o. 

Médico: - Não. Tem que ser mais cedo. 

Unicórnio: - Então, para a semana. 

Médico: - Não. Tem que ser hoje. 

Unicórnio: - Hoje?! Não pode ser. 

Médico: - Não!? Porquê?

Unicórnio: - Porque está frio. 

Médico: - Não está frio nenhum. Não invente desculpas. Sei que vai custar mas ele tem que ir para o quarto dele. 

Unicórnio: - O Dr. garante-me que se ele for para o quarto sozinho que não acorda mais de noite?. 

Médico: - Não posso garantir isso...

Unicórnio:- Então pronto. Fica onde está. 

 

 

 

12
Mar16

Há casais que fazem coisas muito nojentas.


O Unicórnio

Se há coisinha que me apraz, é ver um casal a espremer pontos negros um ao outro dentro do carro. A coisa ainda se torna mais macabra, quando o fazem na praia, esticadinhos ao sol. Normalmente é ele, com a cabeça nas pernas dela, e ela, com a unhaca em riste a levantar a porcaria facial dele. Romântico, erótico, sei lá. É assim qualquer coisa que me transcende. 

Imagino-os em casa, no dia a dia, ele sentado na sanita e ela a escovar os dentes ao espelho, pergunta-lhe: 

- "Atão mor, estás a fazer cocó"?

- "Estou sim, amori". 

09
Mar16

Estou em lágrimas desde manhã cedo. Em lágrimas.


O Unicórnio

Esta noite dormi mal, aliás, mal dormi. Para além de me levantar três vezes para atender às necessidades da cria, passei a madrugada de pé, a vaguear pela casa, tal fantasma perdido na estratosfera. 

Do quarto para a sala, da sala para a cozinha, toda a noite carpi a minha dor, essa dor lancinante e profunda que me dilacerava as entranhas, através de espasmos sincopados. A dor na alma era tanta, mas tanta, que cheguei a babar um fio de espuma queixo abaixo. Uma dor insuportável, uma sensação de impotência atroz.

Quando amanheceu, toda eu era uma mulher sofrida e desgostosa, de olhar perdido no horizonte e juro até, que para juntar mais melancolia a este texto, penso ter ouvido uma música do Michael Bolton a tocar lá ao longe, quase a ir-se, lá ao longe, e eu à janela de lágrima a cair em câmara lenta. 

O mêrapaz, ouvindo as minhas lágrimas, acordou: 

- Porque chorais minha bela e formosa esposa? Porque chorais, dizei-me! Vosso rosto outrora vivalhaço e esperto, agora está pálido e desenxabido. Que dor é essa, pituxa?. 

Respondi-lhe trémula e frágil de tão magra (ahahahaha, piada claro); 

- Toda a noite pensei na despedida dele  e toda eu sofro.

Mêrapaz sentou-se na cama de semblante sério e preocupado.  

- Que dizeis? Na despedida?! De quem!?

- Dele, do Tonhito.

- De quem, minha bela, formosa, inteligente e fantástica esposa?!

- Opá, caraças Filipe! Do Cavaco! Toda eu estou para morrer de tristeza.

 

Obviamente que é mentira, não estou. Não estou triste coisa nenhuma, até tenho um recado para o senhor; adeus, ó vai-te embora que só fizeste cocó!!!  

 

05
Mar16

Estou muito triste. Já me estragaram o Domingo, caraças.


O Unicórnio

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O Nuno Markl e a Ana Galvão anunciaram a sua separação através de um comunicado, publicado hoje nas redes sociais. Fiquei indignada, chocada, profundamente chocada e com a lagrimita no canto do olho, verbalizei:

«Homessa!!! What the fuck?! Andam há vários anos a apregoar ao pessoal que o amor é eterno e rebéubéubéu e agora, pregam-nos esta partida?! Caraças Nuno, que fizeste tu, meu pacóvio? Ou foste tu Anocas, sua malandreca?».

Fico preocupada, triste, comovida até, e quiçá, um pouco trémula quando leio estas notícias. Então, mas esta gente que diariamente fazia declarações públicas de amor quente e profundo, fazendo crer ao comum mortal que o amor é uma coisa para sempre, de repente lembram-se e separam-se?! Hoje é um dia de pesar. Um dia pesaroso e triste. Mais um amor que morreu. Pim. 

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