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O Unicórnio

O dia a dia de um Unicórnio. Suas inspirações, aventuras e desaires.

O dia a dia de um Unicórnio. Suas inspirações, aventuras e desaires.

O Unicórnio

28
Set16

Vou casar.


O Unicórnio

No dia em que casei, disse ao mêrapaz que quando fizéssemos dez anos de casados, recasaríamos. Eu, cachopa que nunca quis casar, casei uma vez e casar-me-ia todos os dias, porque adorei casar. Ficou combinado que quando comemorássemos uma década de vida em comum, convidaríamos família e amigos chegados para uma festa singela.

Ora, aqui está a minha definição de festa singela.  

 

O convite

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 Já lá vai o tempo de mandar arroz aos noivos, o que está a dar é mandar alpista.

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 Nem vou dizer o quão adoro este vestido. O que vale, é que ainda tenho dois anos para ficar em forma (Deus me ouça, Deus me ouça). Adoro o cabelo num apanhado despenteado. 

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 Os canitos cá de casa. 

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 Ao ar livre. Com lâmpadas penduradas numa árvore e uma mesa rústica. 

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 Não sou moça de flores, mas gosto de suculentas, pois são resistentes e não morrem à primeira. 

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 Fotos: Pinterest

28
Set16

Receita de granola para quem não gosta de granola.


O Unicórnio

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 Foto:Pinterest

Ando há muito para encontrar a granola perfeita. Reconheço que experimentei algumas de supermercado e com toda a verdade vos digo: sabem a alpista. Sim, já provei alpista. Todos nós temos um passado, ok?

Nunca fui moça receptiva a esta nova onda de comida saudável, que se afigura insípida e com pouca substância.  Gosto das couves com feijão da mãe, do arroz com feijão e entrecosto do pai e restantes pratos leves. Mas, como fui mãe há um ano e ganhei muito peso após o parto, devido à amamentação que me tornou uma loba bruta por comida com mais dez quilos, lentamente tenho andado numa fase de mudanças de hábitos alimentares.

Decidi começar pelo pequeno almoço. Adoro ver fotos no Insta, de bloggers boho-chics que comem iogurtes gregos com granola em potes de vidro. Nas fotos tudo me parece lindamente, quando provo, parece que estou a comer o rebordo de uma tupperware de 1970.

Uma amiga, a Sofia Graça,  perita nestas coisas de alimentação biológica/saudável, cedeu-me a sua receita milenar de granola caseira que convosco partilho. Parece-me sugestiva. Agora, é encontrar todos os ingredientes... tarefa que me parece hercúlea. Onde raio se compra óleo de côco?

Quando conseguir “montar” toda receita, colocarei aqui as fases do processo, bem como a avaliação final.

 

Granola

Ingredientes: • 400 gr de aveia (em flocos); • Meia chávena de mel; • Uma colher de sobremesa de óleo de côco; • Meia chávena de côco ralado (eu ralo o meu próprio côco); • Meia chávena de frutos secos (à escolha); • Meia chávena de sementes (uso sésamo, girassol e abóbora); • Pode-se usar pepitas de chocolate, bagas de Goji, passas, damascos secos (eu uso Goji).

 

Como fazer?

  1. Coloque os flocos numa taça grande; 2. Aqueça um pouco o mel e o óleo para ficarem em estado líquido (aquecer muito pouco); 3. Misture o mel e óleo com os flocos; 4. Coloque num tabuleiro e leve ao forno a cerca de 120º até ficarem levemente dourados (é precisa muita atenção para que não queimem); 5. Mexa os flocos, de 5 em 5 minutos, para não queimar; 6. Retire do forno e adicione os restantes ingredientes; 7. Deixar arrefecer e guardar num recipiente de vidro com tampa.
23
Set16

Quando andava no colégio, olhava para as irmãs e imaginava que roupa interior usariam


O Unicórnio

Preâmbulo: Esta aventura aconteceu. Passou-se no colégio religioso que frequentei durante alguns anos, e entre tantas outras peripécias que tenho para contar, ainda esboço um sorriso quando relembro este dia. Não tenho grandes saudades daquele estabelecimento de ensino, mas foi nele que vivi as situações mais insólitas e cómicas de sempre. Aqui vai a primeira.

 

Quando olhava para as irmãs imaginava que roupa interior usariam. A bata de fazenda preta até aos pés era demasiado austera e sempre admiti a hipótese, que talvez pudessem usar lingerie do demo por baixo de tanta piedade.  Seria de renda, com atilhos, berloques e de cores vibrantes, ou vestiam cuecas até ao pescoço cor de pele e soutien até aos joelhos a segurar as mamas? Não sabia, mas estava disposta a descobrir.  

E era nisto que coagitava quando uma freira ralhava comigo ou me chamava à atenção.  Para me abstrair da descompostura, olhava-as fingindo que as ouvia, imaginando o que vestiriam debaixo daquelas sacas de batatas cortadas a direito. Claro que não aguentava o riso e para além de uma descompostura, levava duas. 

 

No recreio, durante uma manhã senti-me mal. Esbardalhei-me por duas vezes de tão zonza, (sempre fui propensa a esta mariquice de ter tensão baixa), e as irmãzinhas, preocupadas comigo, conversaram entre si, decidindo colocar-me a descansar nos seus aposentos. Bingooooooo!!! Estava ali a oportunidade de uma vida, caraças!

Obviamente que pintei o quadro bem pior do que era, fiz-me de muito combalida e doentinha e fui levada a braços pelo canhão da irmã Conceição.

A irmã Conceição, mulher de compleição física bastante larga e rude, possuia a força de um toiro e a teimosia de uma mula. Tinha uma bigodaça negra bem farfalhuda que lhe emoldurava o rosto e óculos fundo de garrafa. Era bruta que nem uma égua, antipática que só ela, mas era das minhas favoritas. Lá no fundo, bem no fundinho, era boa rapariga.

-“Vais para este quarto e descansas”, disse-me. O quarto, pequeno e com cheiro a restaurador de móveis estava na penumbra. Só uma vela em cima de uma secretária apinhada de papéis, iluminava um pouco as paredes e a cama. Deitei-me. Aproveitei o facto de estar a faltar a uma aula (coisa que NUNCA acontecia, excepto por motivos de doença) e deixei-me estar. Coitadinha de mim, frágil e combalida, mas aquele era o momento para descobrir que roupa interior vestiam aquelas irmãs. Quantas oportunidades teria? Nenhuma.

Porra. Não me conseguia mexer. Faltava-me a coragem de ir cuscar, de revolver o que não era meu e por grande que fosse a minha curiosidade, superiores eram os valores que me tinham incutido. Não fiz nada. Fechei os olhos e adormeci.

- “Filha, acorda que já é hora de almoço”. Lá estava ela, a irmã Conceição, a olhar-me de pé. Tinha aberto as janelas e a luz entrava no quarto de rompante. Sentia-me bem melhor e o “chilique” tinha passado à história. Olhei em volta.

Ó diabo!!! Que é isto?!

Uhlálá!

Uma corda fininha, esticada de uma ponta a outra do quarto, tinha nela penduradas uma série de roupa interior (julgo que o pudor da religião não permitia que estendessem roupa no exterior). Não precisei de ir calhandrar, de mexer em coisas alheias, estava ali o Santo Graal, bem visível.

Olhei, sorri, baixei a cabecinha enquanto um esgar se soltou dos meus lábios. Fiquei com as dúvidas esclarecidas e tenho a certeza que Deus não me castigou pelo meu pequeno acto de rebeldia. Tenho a certeza que hoje quando me rio, também ele se ri.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ah! Nada de especial. Era tudo cor de pele até à cintura e soutiens que mais pareciam paraquedas.

17
Set16

Quando uma janela velha retorna à vida


O Unicórnio

Pegar numa peça antiga e dar-lhe vida é algo recorrente cá em casa. Meu pai, possui um enorme talento para restauro de mobiliário antigo e decoração, e eu tento ultimamente seguir-lhe os passos. Há muito que gostaria de aproveitar janelas e portas antigas que temos guardadas e que outrora fizeram parte da nossa história familiar. Ambos pusemos mãos à obra. Idealizei a peça, Zé Mota deu-lhe vida.

Quis algo que pudesse usar como iluminária/suporte de flores para uma parede interior que tenho no apartamento e que servisse ao mesmo tempo de bengaleiro. Não pretendia uma peça nova, fabricada em massa, queria algo antigo, com história e durável.

Todas as peças em ferro têm dezenas de anos. Está pronto. Não sou de falsas modéstias e é de peito inchado que vos digo que ficou lindo. Já temos o próximo projecto em mãos e estou ansiosa por começar. Desta vez, uma porta antiga maravilhosa que está a pedir que a ressuscitem.

 

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 Só falta o suporte para colocar na parede que terá de ser bem resistente dado que a madeira é maciça e tem um peso bastante considerável. 

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 Os frascos são de iogurte. O ferro, foi trabalhado pelo meu pai para segurar na perfeição o boião.

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Os apliques em ferro, já fizeram parte de mobiliário antigo. 

 

 

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 Optámos por lixar a janela, que no passado, já tinha sido pintada várias vezes. Para dar um ar mais rústico, fomos à procura da cor de raíz. 

15
Set16

O primeiro dia de aulas foi bom? Fico contente por vós. Muito.


O Unicórnio

Vestia uma blusa azul, calças de ganga e All Star. Não levava mochila, só um caderno A4 de capa preta e uma bic laranja. Era o meu primeiro dia de aulas numa escola pública e sentia-me como se fosse fazer uma colonoscopia.

Depois de alguns anos no Colégio de Santa Maria - tradicional, rigído e com algumas meninas  emproadas com quem não me idenfitificava -  finalmente ( e graças a Deus e a todos os seus Santos), iria para o ensino público. Sentia-me enfartada de tanta freira, tanta missa, de tanta comida sem sal, da bata de fazenda em pleno verão, de tantos preceitos e mariquices, e principalmente, de tanto mulherio.

Os nervos e a ansiedade foram sempre o meu inimigo número um. Escusado será dizer que a madrugada que antecedeu o primeiro dia de aulas na Escola Secundária do Entroncamento, foi passada em claro, a rezar Avé Marias e Pai Nossos, mendigando-Lhe que me ajudasse a ser aceite naquele liceu.  Tinha medo de não me integrar, não sabia nada de moda, de maquilhagem, de cabelos, de música e muito menos de rapazes. Nunca tinha tido colegas de carteira com pila, só patarecas a rodos sempre aos guinchos e aos pulos feitas parvas, e tudo seria novo naquela escola do capeta (no  bom sentido).

À entrada ficava a polivalente. Um recinto amplo com um pequeno palco e uma escadaria que servia de ninho aos adolescentes mais populares. Ao lado, o refeitório, e num corredor paralelo afixados nas paredes com pioneses coloridos, os horários de todas as turmas.

Um dos auxiliares, o Sr. Neves, que andava sempre com um sapato esfrangalhado e com os cantos da boca a espumejar, recebia os veteranos e os caloiros com uma hostilidade encenada, pois era a sua tática de manter o respeitinho e a distância daqueles adolescentes borbulhentos com as hormonas aos saltos.

Entrei na polivalente.  Respirei fundo e palavra, que o meu último suspiro foi ouvido em eco! Toda a minha jovem carcaça exalava medo e aqueles predadores de olfato apurado, deram logo por mim. Senti-me caça, um Bambi esquecido na floresta à procura de sua mãe, um Winnie de Poo desprotegido e abandonado no escuro, com uma feridinha na perna. Ninguém sabia que tinha vindo de uma escola particular, excepto duas raparigas ex-alunas do colégio que tinham saído anos antes de mim  e com medo que as denunciasse, (dado que agora eram tidas com as mazonas da escola), fizeram-me a vida negra nos primeiros meses. Perseguiam-me, insultavam-me e ameaçavam-me com tau tau, caso dissesse a alguém que anos atrás, tinham sido meninas de coro. O karma é lixado e a vingança veio mais tarde. Adiante.

 

Os alunos dividiam-se por grupos. Os betos, os metaleiros, os assim-assim, os cromos e o grupo dos que já tinham bigode, borbulhas com pus branco no queixo, óculos fundo de garrafa, dentes tortos, calças de tyrilene compradas no mercado e sapatilhas “Naike”. Não me inseri em nenhum dos grupos, apesar de ter características de todos.

 

Betos: Os rapazes vestiam pólo da Burberrys comprado no mercado, calça de ganga Levis, sapato vela. Elas, pólo da Benetton, argolas e fio de prata, cabelo aloirado. Tomavam banho todos os dias, forravam os dossiers com papel autocolante e tinham um estojo todo bonitinho comprado numa papelaria pela avó ou pela mãe. Chegavam à escola de carro e davam um beijinho de despedida aos papás. Bons alunos, eram os que subornavam os professores com elogios, sorrisos e enalteciam as profissões dos papás. Gostavam de ganzas.

 

Metaleiros: Mesmo com 40ºC vestiam camisola e calça preta preta apertada com alfinetes na lateral, tinham cabelos compridos lavados uma vez por semana e gostavam de abanar a cabeça ao som de gajos que regurgitavam e saltavam em cima do palco, enquanto faziam como que num ritual, um gesto com dois dedos, um sinal de reverência ao capeta, também conhecido por Ozzy Osbourne. Adoravam guitarras e eram exímios a tocar guitarra invisível. Diziam que adoravam o diabo, mas cagavam-se de medo quando faltava a luz em casa. Gostavam de snifar cola UHU e fumavam ganzas.

 

Assim-assim: eram tão tímidos, reservados e assustados, que há quem afirme que existam somente dois ou três exemplares desta espécie. Não há avistamento suficiente desta raça para que se possa fazer uma descrição sólida e verossímil.

 

Cromos: nunca faltavam às aulas, mas denunciavam os que faltavam. Eram bons alunos, mas egoístas e sovinas. Sentavam-se na primeira fila e no início do ano letivo já tinham lido a matéria a estudar. A maioria ambicionava entrar para Direito, História,  Ciências Farmacêuticas ou Medicina. A maioria toma antidepressivos e não consegue arranjar emprego por excesso de habilitações.

 

Entrei na polivalente, devagar, a medo. Ao longe, vi uma moça conhecida que vivia na  minha terra e para ela me dirigi aos saltinhos, feliz e contente por ver uma cara conhecida.

Era o meu primeiro dia de aulas. Era o meu primeiro dia de aulas naquela escola apinhada de rapazes e raparigas, críticos e maus. Pisei um atacador. Caí. No meio da polivalente. De joelhos. No meu primeiro dia de aulas.

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