Dia dos Namorados uma ova!
O Unicórnio
Não vamos jantar fora. Não vais vestir o sobretudo preto nem aparar a barba, e eu não vou esticar o cabelo nem por perfume. Não vou à Sandra arranjar as sobrancelhas e as unhas. Já não tenho unhas compridas. Livrei-me de passar a tua camisa e calças a ferro, livrei-me de me encolher para caber numas calças ou num vestido.
Não vais oferecer-me flores, não tenho mais uma vez que fingir que gosto delas. Sabes bem que não ligo a flores, peluches, chocolates, nem a lingerie com folharecos, nem a músicas do Barry White. Não vou escrever-te um postal com corações desenhados a caneta azul, não irei receber também nenhum. Não andaremos de mão dada na rua a caminho do restaurante, não nos sentaremos frente a frente com uma velinha e uma rosa a decorar a mesa. Não dirás que sou bonita e eu, insossa, não te direi que és mentiroso. Não acabaremos o jantar eu a comer uma mousse, e tu, a beber um café e um cigarro. Não voltaremos para casa, não haverá rambóia.
Já agora; o Francisco fez cocó até ao pescoço, podes mudar-lhe a fralda?