Quem bebe junto, fica junto para sempre. Ó mãe, tu não leias isto, hein!
O Unicórnio
Numa conversa com o mêrapaz ao jantar (couves com feijão (da mãe) regadas com azeite de Casével (da sogra), pão caseiro de Alpiarça (do Intermarché) e chá de camomila (da Tetley)) sobre as nossas férias, recordámos um dos nossos verões e uma peripécia que ainda hoje, faz rir os nossos amigos e que partilho aqui no blog.
Há mais de dez anos, fomos de tenda para Vila Nova de Milfontes e ficámos no parque de campismo que estava naquela altura (pleno Agosto), lotado com festivaleiros que iam para o sudoeste.
O ambiente era de bradar aos céus; gritaria, berros e bufas toda a noite, guitarradas e cantorias todo o dia e ao final da tarde a coisa lá amainava, pois metade do parque ou estava em coma alcoólico ou com a moca.
Na nossa terceira noite, resolvemos apanhar um valente pifo (somos assim, quando chega a noite e não temos nada para fazer, entramos em coma alcoólico) e partilhar do ambiente envolvente que se vivia naquele lugar.
No fim do banhinho tomado e bezuntados com Nívea After Sun, dirigimo-nos para o bar do parque de campismo que era maioritariamente frequentado por pessoas com ar de pertencerem ao coro de Santo Amaro de Oeiras.
O barzito estava à pinha. Todos os cocktails tinham o preço único de 1€ e divertidos, bebemos e conversámos até ao início da madrugada. Cada um consumiu o que aguentou e sentíamo-nos estranhamente bem dispostos e sãos; a língua não enrolava, o chão não estava desnivelado e conseguíamos olhar sem desfoque. Até que nos levantámos para ir para a tenda. O caminho para a tenda era estreito e irregular, atravessando todo o parque. De ambos os lados era rodeado de tendas, um passo em falso e cairíamos em cima de alguma.
Passados uns dez minutos comecei a sentir-me zonza, mal disposta e sem equilíbrio e avisei o meu namorado (agora marido) que a coisa estava mal e que não conseguia aguentar-me nas pernas. Nem acabei a frase e fiquei de joelhos com a boca cheia de terra, pois isto de estar bêbado e conseguir controlar olhos, boca, mãos, braços, pernas e a fala, é difícil e alguma coisa tem que ficar para trás. Quando olhei para o lado, já o moço tinha caído para cima de uma canadiana familiar e estava enrolado nos cordéis de um estendal da roupa, lutando para se levantar.
Os dois de gatas, percorremos todo o parque de campismo à procura da nossa tenda que teimava em não aparecer, a grande bicha.
Quase uma hora depois e ambos cada vez mais desnorteados, finalmente encontrámos a dita. Como é óbvio, tentámos nela entrar, mas o simples acto de juntar o polegar e o indicador para abrir o fecho, era gesto impossível. Nem eu nem o mêrapaz tínhamos tento naquele momento para conseguir abrir o pano de entrada. Tentámos, tentámos e tentámos até que me lembrei do óbvio, do evidente, do incontestável ; escavar um buraco. Foi o que fizemos.
Para eu conseguir entrar um pequeno buraquito serviu, quando foi a vez do mêrapaz, a coisa complicou pois 1,94 cm e 100 kg não entram por um buraquito qualquer, pois não, não entram. Cavámos e cavámos e cavámos (sempre com as mãos) e quase de manhã, finalmente entrámos na tenda e adormecemos no chão.
No dia seguinte, fomos acordados por três vigilantes do parque de campismo que estavam boquiabertos e absortos com a visão aquele enorme buraco. Saímos da tenda ainda cheios terra e com a roupa rasgada e foi-nos perguntado qual o motivo daquele enorme buraco . Justifiquei da seguinte forma;
- Foi um meteorito meus senhores, foi um meteorito.