Gorda, mas contentinha.
O Unicórnio
Desde que soube que estava grávida que tentei evitar alimentos que me adubassem muito as ancas, pernas e rabo. Reconheço que a fome é incontrolável e que por vezes, comporto-me como um mostrengo, sobretudo, quando me dão assaltos repentinos em que tenho que enfardar qualquer coisa, dê por onde der!
No outro dia, cheguei a casa com muita larica. O jantar estava na mesa (frango assado) e voei directamente para ele. Comi-o quase por inteiro num ápice. O mêrapaz até ficou de boca aberta, porque para além de ter ficado espantado com a minha sofreguidão, nunca me tinha visto a agarrar o frango com as mãos. Sim, é verdade, desculpem lá, mas nunca consegui comer as tais pernas do bicho com as manápulas. Dado o meu estado de graça, se for preciso, agora até o como com os pés e a fazer a ponte ao mesmo tempo.
Adiante. Dizia eu que tento evitar alimentos calóricos, mas… só Deus sabe o sacrifício que faço. Só Deus sabe a angústia que por vezes sinto em não poder esconder-me atrás do cortinado a devorar uma pizza de tamanho familiar cheia de queijo, atum e azeitonas (neste preciso momento, babo-me).
Vejo tantas grávidas a comerem este mundo e o outro, gordas que nem texugos, mas felizes da vida e contentes, sorridentes e despreocupadas que equaciono juntar-me a elas.
Qualquer dia, vou deixar de me importar com o peso e ficarei um Unicórnio grávido, gordo, anafado, redondo … mas feliz.