Pequena carta ao meu Francisco.
O Unicórnio
Minha Bolota,
Agora sei porque me levanto todos os dias de manhã a sorrir, mesmo que não tenha dormido bem, porque quiseste conviver comigo em horas proibidas.
Quando vês que te olho através do berço, sorris. Fico a olhar para ti e a pensar que raio fiz para te merecer, assim tão bonito e saudável, tão querido e tão apaixonado por mim. E eu por ti. Levanto-me e tento que reine logo a alegria. Esbracejo, canto, rio e tu fazes o mesmo. És um bebé muito simpático. Ris muito e quando canto para ti, tentas imitar-me. Agora sei porque nasci. Foi para ser tua mãe. Tonta, a tua mãe é tonta porque te mata de beijos. Dizem que te dou demasiados beijos. O que é demasiado? Não há essa palavra no nosso vocabulário. Nunca haverá.
Quando agarras as minhas bochechas e as apertas e metes a tua boca no meu nariz, penso que és tu a dar-me beijos porque simplesmente me queres dar beijos. E então, chamo o pai ou a avó e digo que tu me queres dar beijos e rodopiamos.
Só me apetece dançar contigo. Dar-te a mão e bailar contigo e rodopiar. Depois começo a pensar no futuro. Um dia já não vais querer dançar, cantar, rodopiar. Terás vergonha. Por isso, enquanto fores pequeno vou matar-te de beijos, de bailados, de colo e de canções.
Sempre fui um aparente calhau. Nunca de grandes exibições de afecto e simpatia para ninguém. Acções com mel, nunca combinaram comigo, até chegares a este mundo. Agora sim, digo palavras amorosas e não me canso de falar ou fotografar-te. Porque és perfeito e muito branquinho. Sais ao teu pai, assim, tão branquinho, pareces um anjo. A tua boca é maravilhosa, muito carnuda como a da mãe e és chinoca também como a mãe, mas o teu semblante observador e confiante vem do pai que te adora e que brinca contigo. Amamos-te muito. Nós pais, os avós, as tias, as primas, os tios, os amigos.
Gostaria de ficar contigo para sempre, Francisco. Ficas com a mãe para sempre, ficas?
Hoje é o Dia Mundial da Família. Um bom dia para todos vós.
* Foto tirada ontem, quando eu e o pai brincávamos aos fotógrafos,