Pensem o que quiserem: só dou mama de um peito e a criança está de perfeita saúde, anafada e bem nutrida.
O Unicórnio
Para além de ser Unicórnio, sou também «Unimama».
Soprem ó ventos, ressoem trompetas, rufem tambores, tilintem pandeiretas, toquem os ferrinhos que eu, Unicórnio, dou de mamar há cinco meses só de uma mama. Aposto que estão a esfregar os olhos de incredulidade, pensando;
«Como é possível isso Unicórnio, como é possível, caramba pá?»
«Ai ,desgraçadinho do cachopo que anda com falta de nutrientes, que chatice».
«Nossa senhora de Fátima ajude esta mãe que deve ter uma mamalhão cheio de leite e uma mamalhinha que murchou».
Das três assumpções acima possíveis, só uma está correcta, ora adivinhem lá. Pensem o que quiserem caros leitores: só dou mama de um peito e a criança está de perfeita saúde, anafada e bem nutrida.
Tudo começou há alguns meses quando meu querido e adorado Francisco começou a rejeitar a mama direita. Eu insistia. Ele rejeitava. Eu insistia. Ele rejeiva e chorava. Eu insistia e ele rejeitava, brigava, chorava e gritava. Desisti da direita e foquei-me na esquerda e ele adorou a ideia de parar de lhe moer o juízo, agradeceu e assim estamos até hoje.
Não me venham as extremista do *«Aleitamento Materno do VII Dia do Advento do Mamilo» que andam sempre a criticar as mães que por este ou outro motivo, deixam de amamentar, aqui para o meu blog comentar que «deveria ter insistido que ele mamasse da direita» e que por isso sou má mãe, que comigo não têm sorte e lhes faço de imediato um manguito.
«Como é possível?», perguntam vós, curiosos e de boquinha aberta. É perfeitamente possível, respondo. Mama normalmente sempre da mesma e por vezes, só com duas horas de intervalo, o mamão! Obviamente que no início doeu, fez ferida, aquelas coisas todas que sabemos mas ultrapassei o problema e hoje a mama até já tem um calo (mentira). Conto conseguir amamentar até ele querer (se for como o pai quando era pequeno, trarei o meu Francisco agarrado a mim até aos três anos...e que assim seja).
O único caso que conheço igual ao meu foi o da minha avó materna. Minha mãe contou-me que também ela deu mama durante meses a fio só de um peito.
Os médicos ficam sempre pasmados com a evolução do peso do F. e quando lhes conto a situação, ficam surpresos. Eu levo isto a rir, claro, tenho que rir, pois se me focasse na questão de ele rejeitar o peito, tenho a certeza que já não teria leite há muito tempo.
Sou da opinião que a nossa parte emocional é que manda nestas coisas. Mentalizei-me desde que ele rejeitou o peito que conseguiria dar mama sempre que ele quisesse, e tenho conseguido fazê-lo com a maior das naturalidades. Não me encostei à parede a carpir, a lamentar e a desesperar, nada disso. Levei a coisa com leveza e aconselho a quem tenha este ou outro problema parecido com a amamentação que faça o mesmo: aligeire a situação, insista e não entristeça. Caso não consiga por algum motivo e tenha que dar leite artificial (acredito que todas as mães fazem o possível para amamentar ao peito os seus filhos mas por vezes, algo as impede) não se culpe, o seu filho não vive só de leite, mas também de afecto e mimo e isso também alimenta.
Quanto à parte física da coisa ... bem..., digamos que se andarem a passear na rua e virem uma moça a tombar para o lado esquerdo, sou eu.
*«Aleitamento Materno do VII Dia do Advento do Mamilo» – grupo de mães extremistas e radicais que gosta de julgar outras mães que por algum motivo, deixam de poder amamentar ao peito os seus filhos. Normalmente surgem de madrugada nos grupos dedicados à maternidade e punem verbalmente as mulheres que dão leite artificial aos seus bebés, desconhecendo as causas que levaram a essa situação.