Sou só eu que não gosto do pessoal que anda por aí a fingir que escreve livros? Se for só eu peço desculpa, devo ter algum problema.
O Unicórnio
Uma nova vaga de jovens escritores domina actualmente o mundo da literatura portuguesa. Eças, Camilos, Camões, Saramagos até Herculanos, não passam de uns aprendizes perto destes novos escrevinhadores. Na maioria são rapazolas de barba aparada na casa dos 30, 40 anos que usam tshirts hipsters ou camisa aos quadrados, calcita desbotada e Stan Smiths. Dão cursos de escrita criativa online, conhecem três ou quatro celebridades, aparecem nas revistas cor de rosa e é mais ou menos isto. Também os há em versão feminina, mas falar da Margarida Rebelo Pinto são outros quinhentos e não conheço assim tantas asneiras para conseguir adjectivá-la.
Rascunham sobre o amor e seus meandros, publicam livros todos os meses, fazem promoção aos mesmos nas redes sociais com os seus textos acompanhados de fotografias eróticas sacadas do Pinterest e fazem sonhar as milhares de fãs que diariamente os lêm e partilham.
Não lhes acho piadinha nenhuma e não entendo o sucesso. Ler um livro ou um texto destes moços, lembra-me os cães a lamber o próprio rabo; andam às voltas, às voltas, às voltas e não chegam ao anûs.
Estes escritores gostam de asneireido. Colocam um “fronha-se” em tudo o que escrevem. É giro. É fofinho. É sensual como a Ana Malhoa em tshirt a tomar banho de mangueira no quintal.
Tentei rascunhar algo que lhes imitasse a escrita e aqui vai, é mais ou menos isto;
Vi-te na rua hoje de manhã. Andavas andando com passadas vigorosas e certas, como se o chão fosse teu, teu o chão, o caminho o chão, pim pam pum. Teu, esse chão pisado por ti, por essas passadas vigorosas e certas. Tuas pernas altas e de cal, finas e torneadas como um violão de Vinicius, chamavam por mim como as sereias encantavam os pescadores, sereias, pescadores, violão, Vinicius. Apaixonei-me nesse instante. Olhaste-me vagarosamente vagando o olhar sobre mim e sorriste.
Amo-te muito do amor de amar, esse amor que nos envolve e mata, consome e desgasta. Amor que é dos amantes, amo-te muito, amor. É este o amor de nós, o amor que dói e mata. Doi. E mata. E mata e dói. Merda.
O Unicórnio
Aqui a foto da anorética foi sacada do Pinterest, pois claro.