Até sempre.
O Unicórnio
Fui a casa da Lídia e do Carlos. Pais do Vasco. Receberam-me com a dor inimaginável de quem perdeu um filho, uma dor que não é deste mundo, não pode ser deste mundo. O tempo para eles estacionou no dia em que o Vasco lhes morreu e é nesse dia que viverão até a ele se juntarem, um dia. Nessa ânsia viverão, presos nessa saudade.
Ofereci-lhes a única coisa que tenho para dar; apoio, disponibilidade para qualquer coisa que precisem. Sei que nada de mim quererão, nem de mim nem de ninguém.
Não fui com lágrimas, não são as lágrimas o medidor da nossa dor e pesar, não medem o quanto sofremos ou gostamos dos outros. Visitei-os com uma palavra de esperança, de vida, de relembrar bons momentos, de continuidade.
Abracei a Lídia com força, disse-lhe que deveria sentir-se orgulhosa do filho, do rapaz que é amado por muitos familiares e amigos, que ninguém o esquecerá e que os anos que viveu foram anos em que foi feliz, e fez feliz quem o rodeava e isso, é viver em pleno.
Sábado o Vasco chegará à aldeia. Será recebido por muitos que o choram, que o amam. Depois voltará para casa, repousar no colo da sua mãe e do seu pai. Para sempre.
Ana