Conheci uma enfermeira com poderes mágicos e todas as mães deveriam ter uma.
O Unicórnio
Unicórnio & Unicórniozinho quando finalmente se conheceram
Francisco nasceu no Hospital S. André em Leiria. Depois de nascer, subimos para o quarto onde ficaríamos quatro dias. Lá, conhecemos uma enfermeira especial. Única. Ela foi o meu descanso, a minha tranquilidade, a minha bússola. Só conseguia dormir quando ela estava de turno. Só tranquilizava quando sentia os seus passos no corredor que de noite me parecia assustador e interminável.
Foi ela que me ensinou o que fazer quando um bebé asfixia. Infelizmente aconteceu três vezes com o meu querido e adorado Francisco. Foi ela que no terceiro dia me ensinou o que fazer para aliviar as cólicas, pois o bebé chorava há duas horas e eu chorava abraçada a ele.
Pediu calmamente que me deitasse. Deitei-me. Pegou no minúsculo Francisco como se ele fosse um boneco. Estranhei, mas deixei. Deu-lhe dez voltas. Pés na cabeça, cabeça nos pés. Deixei. Ele calou-se. Colocou-o no meu peito a mamar e perguntou-me;
«Quer dormir toda a noite? Então deixe-o ficar aqui» - e ele ficou toda a noite na mama, agarrado a mim. Nunca se mexeu, eu nunca me mexi. Lembro-me de olhar pela janela que não tinha cortinas e reparar que lá fora havia uma cidade. Adormeci.
Foi ela que contou umas piadas soltas quando se deu a subida do leite e as dores eram insuportáveis. Foi ela que num dia de visitas, olhou para mim e viu que algo não estava bem. Pediu que todos saíssem. Justificou que estava «na hora de medir a tensão». Era mentira. Estava na hora sim, de ficar sozinha com o meu bebé.
De repente tornara-me mãe e não sabia o que fazer, pensar, agir. Tinha medo de tudo. Queria que ele voltasse para dentro da minha barriga.
Foi aquela enfermeira de carrapito e olhos enormes que me ensinou, juntamente com o meu Francisco, a ser mãe e eu nunca me esquecerei dela.
Prometi-lhe que nos voltaríamos a encontrar naquele sítio quando eu tivesse 40 anos.
Sorriu.
Eu estava a falar a sério.
Chama-se Elizabete Oliveira.