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O Unicórnio

O dia a dia de um Unicórnio. Suas inspirações, aventuras e desaires.

O dia a dia de um Unicórnio. Suas inspirações, aventuras e desaires.

O Unicórnio

17
Mar16

O pediatra bem tenta que o mude de quarto... mas ainda não foi desta.


O Unicórnio

francisco chinoca.jpg

 

Ontem fomos a uma consulta de pediatria ao Hospital S. André em Leiria. Desde que o Francisco lá esteve internado tinha ele um mês de vida, que tem sido seguido pelo Dr. João do Ó, um médico atencioso e simpático que cada vez que lá vou com o meu pequeno unicórnio, pressiona-me carinhosamente para mudar o Francisco para o seu quarto sozinho para evitar que acorde tantas vezes de noite e não mame tanto (o rapaz está bem apessoadinho e pelo caminho que leva, andará comigo ao colo em pouco tempo). A consulta foi assim: 

 

Médico: - Quantas vezes acorda o Francisco de noite para mamar? 

Unicórnio: - Algumas. 

Médico: - Os bebés com oito meses não precisam de comer de noite. 

Unicórnio: - Acredito. Mas o Francisco é comilão. 

Médico: - Tem que ir dormir para o quarto dele. 

Unicórnio: - Sim, sei disso. Para o mês que vem, faço-o. 

Médico: - Não. Tem que ser mais cedo. 

Unicórnio: - Então, para a semana. 

Médico: - Não. Tem que ser hoje. 

Unicórnio: - Hoje?! Não pode ser. 

Médico: - Não!? Porquê?

Unicórnio: - Porque está frio. 

Médico: - Não está frio nenhum. Não invente desculpas. Sei que vai custar mas ele tem que ir para o quarto dele. 

Unicórnio: - O Dr. garante-me que se ele for para o quarto sozinho que não acorda mais de noite?. 

Médico: - Não posso garantir isso...

Unicórnio:- Então pronto. Fica onde está. 

 

 

 

21
Jan16

Conheci uma enfermeira com poderes mágicos e todas as mães deveriam ter uma.


O Unicórnio

 

anaeamor.JPG

 Unicórnio & Unicórniozinho quando finalmente se conheceram 

 

 

Francisco nasceu no Hospital S. André em Leiria. Depois de nascer, subimos para o quarto onde ficaríamos quatro dias. Lá, conhecemos uma enfermeira especial. Única. Ela foi o meu descanso, a minha tranquilidade, a minha bússola. Só conseguia dormir quando ela estava de turno. Só tranquilizava quando sentia os seus passos no corredor que de noite me parecia assustador e interminável.

Foi ela que me ensinou o que fazer quando um bebé asfixia. Infelizmente aconteceu três vezes com o meu querido e adorado Francisco. Foi ela que no terceiro dia me ensinou o que fazer para aliviar as cólicas, pois o bebé chorava há duas horas e eu chorava abraçada a ele.

Pediu calmamente que me deitasse. Deitei-me. Pegou no minúsculo Francisco como se ele fosse um boneco. Estranhei, mas deixei. Deu-lhe dez voltas. Pés na cabeça, cabeça nos pés. Deixei. Ele calou-se. Colocou-o no meu peito a mamar e perguntou-me;

«Quer dormir toda a noite? Então deixe-o ficar aqui» - e ele ficou toda a noite na mama, agarrado a mim. Nunca se mexeu, eu nunca me mexi. Lembro-me de olhar pela janela que não tinha cortinas e reparar que lá fora havia uma cidade. Adormeci.

Foi ela que contou umas piadas soltas quando se deu a subida do leite e as dores eram insuportáveis. Foi ela que num dia de visitas, olhou para mim e viu que algo não estava bem. Pediu que todos saíssem. Justificou que estava «na hora de medir a tensão». Era mentira. Estava na hora sim, de ficar sozinha com o meu bebé. 

De repente tornara-me mãe e não sabia o que fazer, pensar, agir. Tinha medo de tudo. Queria que ele voltasse para dentro da minha barriga. 

Foi aquela enfermeira de carrapito e olhos enormes que me ensinou, juntamente com o meu Francisco, a ser mãe e eu nunca me esquecerei dela.

Prometi-lhe que nos voltaríamos a encontrar naquele sítio quando eu tivesse 40 anos.

Sorriu.

Eu estava a falar a sério. 

 

Chama-se Elizabete Oliveira.

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